*Por Luciano Amorim.
O jornal 'Correio da Paraíba', de João Pessoa, publica, neste sábado (3), sua última edição no impresso depois de 66 anos. O anúncio do fechamento surpreendeu a todos e, justamente, ocorre em que a imprensa vive em um momento importante (e oportuno) com a cobertura da Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19 ou SARS-Cov-2), o qual a mídia impressa é o meio mais confiável nas informações divulgadas, segundo a última pesquisa Datafolha.
Fundado em 5 de agosto de 1953 por Teotônio Neto, o jornal noticiou os fatos que marcaram o Estado, o Brasil e o Mundo, com assuntos de impacto, entrevistas exclusivas e reportagens investigativas. Além das mudanças gráficas que marcaram o periódico durante o período e reconhecido por prêmios regionais e nacionais. Desde meados da década de 1990, era o jornal mais lido da Paraíba, que durou até hoje. Profissionais como Rubens Nóbrega, Giovani Meirelles, Lena Guimarães (in memoriam) e Heron Cid passaram pelo jornal.
Este que vos escreve tive um caso com o 'Correio'. Desde o início de 2006, quando tinha 9 anos de idade, acompanhava o jornal, o qual naquela época comecei a 'colecionar' algumas edições. Meu saudoso pai comprava um exemplar de vez em quando e com o tempo, as vezes, recebi um exemplar de um conhecido e até adquiri por conta própria. Até hoje continuo colecionando os jornais, e em 14 anos e 3 meses, grande parte do que eu coleciono são do Correio da Paraíba.
Nesse período, aprendi muito com o jornal. Passou por várias transformações no grafismo e no visual. De reportagens interessantes como a da Piscinas Naturais da Ponta dos Seixas, no Verão de 2015, o qual descobri no jornal e que tenho muita vontade de conhecer se DEUS quiser - e quando essa PANDEMIA passar. De acontecimentos históricos como a eliminação do Brasil na Copa do Mundo da FIFA (2006) na Alemanha e o vexame do '7 a 1' no Mundial realizado aqui no país (2014), a morte de Michael Jackson (2009) e a realização da cirurgia de Alzheimer feita no Estado (2015).
Sem falar dos cadernos segmentados como 'Milenium', 'Turismo' e 'Revista Da TV' (segmento reproduzido pelo jornal 'O Globo' e depois reproduziu uma parte do conteúdo do suplemento 'Canal', do jornal 'Extra'). Das 'mulheres bonitas' em colunas sociais do 'Caderno 2'. E do caderno 'Lance!' que reproduzia grande parte do conteúdo do periódico esportivo em formato tabloide e publicado às segundas-feiras de 2012 a 2015. Conheci o único jornal impresso de esporte brasileiro graças ao 'Correio'.
Nos últimos anos, o 'Correio da Paraíba' sofreu mudanças no impresso, como fusão de editorias em único caderno (exemplo: aos domingos, 'Esportes', que era do caderno D, migrou para 'Cidades' no B e reportagens de 'Estilo', que era do 'Homem&Mulher', no caderno de 'Economia', no D) e suspendendo outras, suspensão da circulação às segundas feiras, queda de anúncios, redução de exemplares nas bancas e do crescimento da Internet.
Nos últimos anos, o periódico vinha resistindo mesmo diante do enfraquecimento do mercado, mas com a PANDEMIA do Novo Coronavírus (COVID-19 ou SARS-Cov-2), que suspenderam o funcionamento de estabelecimentos comerciais com o estado de calamidade pública reconhecido pelo Congresso em 20 do mês passado, obrigou o jornal a encerrar as atividades de forma surpreendente. Diz o comunicado em primeira página que a suspensão "impediram a venda comercial e a distribuição jornalística, inviabilizando desta forma o funcionamento do produto".
O Correio da Paraíba foi o quarto jornal paraibano a fechar as portas durante oito anos. Em 1º de fevereiro de 2012, o jornal 'O Norte' (de João Pessoa) e 'Diário da Borborema' (de Campina Grande) publicaram suas últimas edições. A decisão foi pelo Diários Associados - que controlava os dois jornais - e surpreendeu a todos. Em 7 de abril de 2016, a Rede Paraíba de Comunicação anunciou o encerramento do 'Jornal da Paraíba' no impresso. A última edição foi em 10 de abril de 2016 e, atualmente, o produto continua na internet.
Até hoje, o Correio era o único jornal comercial em circulação da Paraíba. Com isso, o único impresso em circulação diária no Estado é o jornal 'A União', da Empresa Paraibana de Comunicação do Governo do Estado fundado em 2 de fevereiro de 1893 e é o periódico mais antigo em atividade do Estado. O popular 'Jornal Já', que desde 21 de março suspendeu circulação que duraria 15 dias, não vai voltar e seguirá o mesmo com o 'Correio'. O leitor terá apenas a única opção em ler jornais de papel nas bancas de João Pessoa e em algumas ou principais cidades do Estado.
Por fim, deixo a minha solidariedade aos profissionais que trabalharam no jornal - o qual eu, os alunos e os professores do curso de Publicidade (Comunicação) da faculdade onde estudo visitaram na tarde de 9 de abril do ano passado, onde conhecemos a rotina do jornal. E ao jornal, a minha GRATIDÃO! E na certeza de que em um futuro próximo retorne às bancas. E sempre digo, é triste quando um jornal impresso sai de circulação ou suspensão por tempo indeterminado.
E que em tempos de internet, com desinformação e notícias falsas ('fake news'), a mídia impressa continua imortal. E sempre será no presente e no futuro, se reinventando a cada dia.
*Com informações do portal Mais PB.
---
Nenhum comentário:
Postar um comentário