#editorial
Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, um trágico incêndio atingiu a Boate Kiss no Centro da cidade de Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de de artefatos pirotécnicos no palco durante um show na festa universitária. As chamas do teto se alastraram rapidamente devido ao material inflamável usado como isolamento acústico, o que produziu fumaça preta e tóxica. O local estava lotado e, no momento do incêndio, não havia saída de emergência. Ao todo, 242 pessoas, a maioria jovens que tinham futuro pela frente, morreram no local. Outras 636 ficaram feridos. A pior tragédia dos gaúchos comoveu o Estado e o Brasil. E virou repercussão nacional e internacional no último domingo do primeiro mês daquele ano.
Naquela época - e ao longo de uma década, todo mundo perguntava: Quem foi o maior culpado desta tragédia? Aliás, foi o mesmo questionamento que escrevi um texto sobre os 5 anos em 2018. O processo demorou quase 9 anos pra ser julgado, até que no final de 2021, ocorreu, no Tribunal de Juri do Foro Central em Porto Alegre, o julgamento de quatro réus que durou 10 dias. Os dois sócios da boate e os dois integrantes da banda foram condenados a penas que variavam de 18 a 22 anos de prisão. Entretanto, os advogados de defesa dos quatro alegaram nulidades no processo e, em agosto do ano passado, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou, por dois votos a um, a anulação. Uma nova data ainda deve ser marcada. Familiares das vítimas reagem e lamentaram a decisão como 'inaceitável'. Até hoje, ninguém está preso.
O trágico incêndio mudou as normas de prevenção à incêndios. Em dezembro de 2013, foi aprovada na Assembleia Legislativa gaúcha a lei original que eleva rigor na prevenção contra incêndios Em 2016, já havia aprovado flexibilizações na lei, ampliando a validade de alvarás emitidos pelos bombeiros. O prazo para as adequações, que valeria até o final de 2019, foi prorrogado pelo governo até 27 de dezembro deste ano. No final do ano passado, uma outra alteração que acaba com o alvará para mais de 700 tipos de imóveis. Em março de 2017, foi sancionada uma lei nacional que define normas de prevenção e combate a incêndio em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público. Entretanto, o presidente, na época, Michel Temer vetou 12 pontos, os quais foram criticados pelos familiares das vítimas. Ambas, com passar do tempo, houve avanços - mas foram poucos.
Dez anos se passaram e, ao longo desta semana, uma série de homenagens marcam esta data trágica na cidade, promovida pela Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, em conjunto com o Coletivo Kiss: Que Não Se Repita e o Eixo Kiss do Coletivo de Psicanálise. Com o tema "Boate Kiss, 10 anos: resgatar a memória é construir o futuro", as atividades, que ocorrem na Praça Saldanha Marinho e o prédio em que funcionava a boate, começaram nesta quarta-feira (25) se estendem até este sábado (28). A programação completa você confere no link do site da UFSM clicando aqui. Já o Memorial que será construido no local onde ocorreu o incêndio ainda não tem data prevista para iniciar.
Produções audiovisuais também marcam a data. No Streaming VOD, o Globoplay estreou nesta quinta-feira (26) uma série documental em cinco episódios que refaz, passo a passo, a sucessão de acontecimentos que levaram à morte de jovens, a dor das famílias e dos sobreviventes e o processo judicial, trazendo imagens inéditas. Conduzida e dirigida pelo repórter Marcelo Canellas, da TV Globo, a produção, que durou cerca de um ano e meio, tem como parceira a TV OVO - coletivo audiovisual de Santa Maria. Na Netflix, estreou nesta quarta-feira (25) a série 'Todo Dia a Mesma Noite', inspirada no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex. Dividida em cinco episódios, a produção ficcional narra, de maneira detalhada, tudo o que ocorreu durante e após o incêndio. A direção é de Julia Rezende.
O trágico incêndio numa boate em Santa Maria é um dos momentos tristes que não vamos nos esquecer. Aos culpados, que sejam punidos e que pagam o que fez. Aos familiares de vítimas e aos que sobreviveram, toda FORÇA e ESPERANÇA de DIAS MELHORES. E que cenas que aconteceram há uma década atrás não se repitam futuramente, como diz o slogam da campanha para o Memorial - criada em 2018.
> Nos próximos posts, você confere um 'repost' que fiz no meu antigo blog 'Por Dentro das Notícias', sobre o trágico incêndio em Santa Maria, publicado em 30 de janeiro de 2013 (clicando aqui). E um texto do escritor e poeta gaúcho Fabrício Carpinejar que foi estampada na capa do jornal O Globo (Rio de Janeiro, RJ), publicada no dia seguinte à tragédia (clicando aqui).
*Com informações do G1 RS, Site da SEDUFSM - Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria, Site Metrópoles e TechTudo.
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