sexta-feira, 11 de setembro de 2020

É preciso lembrar o Dia da Mídia Impressa no Brasil

 *ESCLARECIMENTO:  [DELAY] Com um atraso de um dia. 


#cronica
*Por Luciano Amorim.

Há 212 anos, em 10 de Setembro de 1808, foi criado na cidade do Rio de Janeiro o primeiro jornal impresso do Brasil - que, naquela época, era período colonial. A Gazeta do Rio de Janeiro. Feito nas máquinas da Impressão Régia, seu lançamento marcou o início da imprensa no Brasil. Com o passar dos anos, a data, 10 de Setembro, foi lembrada no calendário como Dia Nacional da Imprensa, até 1999 porque hoje em dia é muito raro alguém lembrar a data. Este que vos escreve, do modo imaginário, lembro até hoje a data pra lembrar o meio que, apesar de ser um dos mais importantes da comunicação, hoje em dia está prestes a virar uma 'esquecida'.

Desde a criação da prensa, em meados de 1440 pelo alemão Johannes Gutenberg (1400-1468), a mídia impressa passou por várias transformações, do linotipo ao off-set, até a chegada da impressão colorida - embora grande parte circula em preto e branco. Conquistou leitores nas duas últimas décadas do Século XX, inclusive teve tiragens maiores entre 500 mil e 1 milhão. Mas a partir da primeira década do Século XXI, com o advento da Internet, as tiragens começaram a cair e na metade do século seguinte, houve uma queda (timidamente) brusca. 

Durante a década passada (de 2010 a 2019), mais de 30 títulos deixaram de circular a versão impressa no Brasil como O Norte (João Pessoa, PB), Diário da Borborema (Campina Grande, PB), Jornal da Tarde (São Paulo, SP), Jornal da Paraíba (João Pessoa, PB), Diário de Natal/O Poti (Natal, RN), O Mossoroense (Mossoró, RN) e Correio da Paraíba (João Pessoa, PB). Alguns existem até hoje, mas em 'versões digitais'. Outros circulam apenas semanais como Diário Catarinense (Florianópolis, SC), A Notícia (Joinville, SC), Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC) e A Gazeta (Vitória, ES).

Um dos motivos do declínio do impresso são a queda de anúncios, redução e limitação de páginas e cadernos, de exemplares e de distribuição nas bancas. Além da crise econômica recente e da alta do Dólar americano ou canadense. Mas para o editorial do Notícias do Dia (Florianópolis, SC) publicado em 14 de agosto, no dia do 14º aniversário e em que lançou a nova fase com projeto gráfico, os periódicos "desapareceram por falhas de gestão ou porque não conseguiram evoluir perdendo a sintonia com seus leitores". E que, contrariando o que dizem os "futurólogos de plantão", "a revolução provocada pela internet não foi a responsável pelo fim do meio".

De forma 'indireta', o editorial do Notícias do Dia acrescenta que "um jornal só sobrevive enquanto tiver razão de existir, tendo propósito, sendo relevante". O meio "tem o poder de influenciar e motivar a sociedade" e "tem a missão de ajudar o leitor a entender e refletir sobre o cotidiano". E afirma que "os brasileiros confiam no noticiário dos jornais (que estão entre os campeões de credibilidade, ao lado do rádio e da televisão) porque nem tudo o que está nas redes sociais é verdade" - o que este que vos escreve concordo, que, para a publicação, "são uma fonte permanente de notícias falsas". 


O jornal impresso, assim como o rádio ou a televisão (aberta ou paga), pode se reinventar, basta encontrar um caminho correto como diz o artigo do jornalista Eduardo Tessler no site Meio&Mensagem. Uma das apostas (e até algumas sugestões deste que vos escreve) para a modernidade do meio nos tempos de hoje é o formato enxuto como tabloide ou berliner, com notícias curtas, e a opção de circular semanal ou durante seis dias - com a edição única de fim de semana. Além da opção de criar uma edição vespertina - na faixa das 17h, que virou sucesso até a metade do Século XX. E de seguir exemplos das outras publicações de outras localidades e de países como Reino Unido - que ainda é prestígio por lá. Sem deixar de lado a principal essência, a informação de qualidade com reportagens aprofundadas e com análise e opinião dos articulistas e dos leitores.

Jornal é prestação de serviço, como agora na cobertura da pandemia do novo coronavírus. É o meio que traz sentimentos e até de empatia, principalmente nas primeiras páginas, seja em alegrias (como conquistas de times em torneios de futebol) ou tristezas (como a tragédia da Boate Kiss em Santa Maria, RS, em 2012). Também é criatividade como as primeiras páginas de alguns jornais em dias em que os fatos ganham fôlego. E também traz uma dose de descontração, como algumas capas dos populares Meia Hora (Rio de Janeiro, RJ) e Aqui PE (Recife, PE), e que viram memes nas redes sociais. Além disso, alguns periódicos descrevem seções como efemérides, os destaques da TV e de outras mídias, a agenda cultural, os passatempos com cruzadas, os indicadores econômicos e os resultados esportivos. E também gráficos como as informações da meteorologia. 

Mas além da leitura, o jornal pode servir de outras formas. O jornalista TT Catalão diz, em um editorial de primeira página do Correio Braziliense publicado em 19 de setembro de 1999, que uma das formas de servir um jornal é "cobrir o chão quando pintamos a casa ou embrulhar peixe no mercado". Além de limpar vidros, recolher lixo, fazer barquinhos de papel e embrulhar quadros, flores ou objetos como cita o texto "A Internet Nunca Substituirá o Jornal", de autoria desconhecida.

No Brasil, são mais de 100 jornais em circulação afiliados a Associação Nacional de Jornais. A maioria são de caráter 'generalista' - que inclui notícias, esportes e variedades. Por aqui, existe o único jornal diário de economia do país, o Valor Econômico. E o único jornal diário de esportes, o Lance! - que, em virtude da pandemia, foi suspensa em 23 de março e não tem prazo para retornar. Além dos jornais diários e semanais, seja em circulação paga ou gratuita, tem outros periódicos segmentados como publicações voltadas para medicina e para o setor empresarial. E outras em formato de publieditorial - ou conteúdo patrocinado. Sim, ainda existe espaço para anunciar no impresso - e em todos os tipos e categorias. E não é só eu que estou dizendo, são alguns dos profissionais do mercado.

Concluo este artigo para registrar o reconhecimento e respeito aqueles que fazem a mídia impressa acontecer. Aos jornalistas, repórteres, fotógrafos, editores, diagramadores, produtores, aos que trabalham nas rotativas e aos jornaleiros e gazeteiros. Os do presente, do passado e do futuro. Seja no jornal, na revista, no livro ou em outra categoria do tipo. Tenho muito carinho e admiração ao jornal impresso. E olha que sou uma pessoa que admiro o impresso desde a infância e que, há quase 15 anos, coleciono algumas edições de jornais no meu 'acervão'. 

Há quinze ou dez anos atrás, encontrei, nas bancas de João Pessoa - sobretudo no Centro da cidade, as edições dos jornais da Paraíba, do estado vizinho, Pernambuco, e de outros estados como Rio, São Paulo e Brasília. Tem vezes que meu saudoso pai ou algum parente ou conhecido comprava ou adquirira um exemplar. Hoje em dia é difícil encontrar um jornal de papel em alguns locais. Mas apesar com as dificuldades e as inovações das tecnologias, não abro mão das coisas que uso há muito tempo. O impresso é um deles que, assim como outros meios de comunicação, são INSUBSTITUÍVEIS. Respeito cada um aqueles que contrariam o meio ou que usam apenas internet, mas sou uma das pessoas que não abro mão do toque e do cheiro do periódico.

Finalizo com mais um trecho daquele editorial do Notícias do Dia publicado em 14 de agosto que dizia assim: "Um jornal serve para servir. Sem jornal, a sociedade fica sem defesa porque a verdade não aparece. Sem jornal não há memória, porque o papel é o documento e se perpetua no tempo. Sem jornal a democracia fica ameaçada". E vou além: sem jornal, ficaríamos perdidos. Valorize a mídia impressa. E VIDA LONGA ao meio, em especial ao jornal.

• REFERÊNCIAS 

EDITORIAL: Vida longa ao ND!, Notícias do Dia, Florianópolis, Ano 15, #4494, 14 de agosto de 2020. Página 3. Disponível em https://ndmais.com.br/opiniao/editorial/vida-longa-ao-nd/ Acesso em 09 set 2020.

TESSLER, Eduardo. O impresso tem futuro, Meio&Mensagem, 2020. Disponível em https://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2020/08/07/o-impresso-tem-futuro.html Acesso em 09 set 2020.

CATALÃO, TT., Para Que Serve Um Jornal, Correio Braziliense, Brasília, 19 de setembro de 1999. Disponível em https://medium.com/@cssoaresonline/para-que-serve-um-jornal-ec25a39cb410 Acesso em 09 set 2020.

DESCONHECIDA, Autoria., (Texto) A Internet Nunca Substituirá o Jornal, Brenogamerz, 2014. Disponível em https://brenogamerz.webnode.com/news/texto-a-internet-nunca-substituira-a-internet-/ Acesso em 09 set 2020. 

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